Golpistas clonam contas de WhatsApp e pedem transferências bancárias a amigos e familiares das vítimas

Um novo golpe que atinge usuários de WhatsApp, aplicativo de conversas instantâneas por celular, tem deixado os policiais em alerta. Os golpistas conseguem clonar as contas para pedir dinheiro a parentes e amigos das vítimas, com a ajuda de funcionários de operadoras de telefonia. Na semana passada, pelo menos dez pessoas procuraram a delegacia de crimes de informática de Porto Alegre para denunciar o golpe.

O esquema consegue tirar do ar o celular da vítima e assim assumir a conta e enviar mensagens aos seus amigos e parentes, solicitando transferências bancárias. Foi o que aconteceu em um grupo de conversas de cardiologistas nesse aplicativo. Pensando estar recebendo mensagens do pai, duas filhas de um desses médicos perderam  R$ 1,8 mil.

Foto ilustrativa

 

“Ele mandou mensagens particulares e falou que o limite dele de transferências estava excedido (…) e perguntou qual meu limite de transferências. Falei: ‘olha, só posso transferir R$ 800’. Ele falou ‘não tem problema, transfere para essa conta que eu vou te dizer’. E aí foi isso que eu fiz, achando que era o meu pai”, relata uma das filhas.

 

Os golpistas conseguiram transferências bancárias de outro médico de Porto Alegre e de vários amigos dele, ao invadir a conta de WhastApp. A vítima que teve a conta clonada disse que notou quando o seu celular perdeu o sinal. Ele descobriu o golpe porque estava junto da irmã quando ela recebeu a mensagem do golpista, se fazendo passar pelo médico.

“Por sorte, a minha irmã estava do lado e pegou o celular dela. Eu disse ‘perdi o sinal e perdi o WhatsApp, não consigo utilizar’. Ela disse ‘mas tu acabou de me mandar uma mensagem’ e nessa mensagem era um pedido de acesso à conta do banco”, conta o médico. Ele conseguiu avisar vários de seus contatos, mas antes disso, cinco amigos já haviam feito transferências entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil cada.

Especialistas lembram que, ao invadir uma conta de WhatsApp, os golpistas têm acesso a todo o histórico de conversas, grupos e contatos que pode incluir dados pessoais e detalhes que só as vítimas sabem. Isso torna os pedidos de transferência de dinheiro mais convincentes.

“Ele (o golpista) vai identificar quem são os parentes, quem são os amigos. Tem todo um histórico que ele pode se aproveitar para fazer o golpe mais efetivo e realmente a pessoa nem se questionar”, explica Ronaldo Prass, especialista em tecnologia.

Em julho do ano passado, a Polícia Civil do Maranhão desarticulou uma quadrilha acusada de aplicar esse tipo de golpe. Entre os seis presos, estava um funcionário de uma loja da Vivo, que tinha o papel de tirar do ar os celulares das vítimas e habilitar o número em chips que estavam em poder dos golpistas. Assim, eles conseguiam acessar as contas de WhatsApp.

“Fomos até a operadora de telefone e prendemos em flagrante um dos funcionários. No seu WhatsApp, estava toda a conversa com a quadrilha”, explica o delegado Tiago Bardal.

Como todos estão soltos, a Delegacia de Crimes de Informática de Porto Alegre trabalha com a hipótese de que os fraudadores podem ser os mesmos que aplicaram o golpe no Rio Grande do Sul, uma vez que a maioria das transferências feitas no estado foi para contas bancárias do Maranhão.

Na semana passada, foi anunciada uma nova atualização do WhatsApp, o que deve dificultar a fraude. Foi criado um mecanismo de senha, necessária para a instalação do aplicativo em caso de troca de aparelho.

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