O caso do chef de cozinha espanhol David Peregrina Capó, de 53 anos, encontrado morto na última sexta-feira (24/11), dentro de seu restaurante, em Porto Seguro/Ba, havia se mudado para o Brasil a fim de escapar de uma condenação no país natal, ocorrida há mais de uma década.
Segundo informações, David foi condenado em dois processos e alvo de dois mandados “de busca e detenção”, há anos ele vinha fugindo das autoridades da ilha de Mallorca, de onde era natural. Devido ao tempo, os processos já expiraram. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo, com base em matéria do jornal espanhol “El Mundo”.
HIPOTECAS FANTASMAS
Conforme fontes judiciais, o chef foi condenado em Palma a mais de 6 anos de prisão pelos crimes de estelionato, apropriação indébita e falsificação de documentos.
David foi um dos 28 acusados de um complô para fraudar o banco onde ele trabalhava como diretor de sucursal. O esquema envolvia falsos empréstimos hipotecários que, entre 2003 e 2004, levaram ao desvio de mais de 2 milhões de euros (R$ 10 milhões, na cotação atual). O escândalo ficou conhecido como “o caso das hipotecas fantasmas”.
A mídia local identificou o chef como líder do esquema e divulgou que ele havia fugido para o Brasil. O julgamento ocorreu em fevereiro de 2012.
RESTAURANTE EM PORTO SEGURO
Depois de fugir para o Brasil, conforme o jornal “El Mundo”, David montou, juntamente com sua mulher, Érica da Silva Santos, o restaurante Ilha dos Ribeirinhos, localizado às margens do Rio Buranhém, na região da Ilha do Pau do Macaco, em Porto Seguro.
Apesar de amplo, com espaço inclusive para eventos, o estabelecimento costumava receber apenas grupos pequenos e previamente agendados, para focar na experiência dos clientes. O casal morava no local, que não tinha energia elétrica nem internet.
POLÍCIA TRABALHA COM HIPÓTESE DE EXECUÇÃO
Até o momento, ninguém foi preso pelo crime. A Polícia Civil de Porto Seguro trabalha com a hipótese de que o chef de cozinha e a esposa dele, Érica, de 38, foram executados. O casal foi encontrado morto na última sexta-feira (24), na propriedade onde funcionava o restaurante.
A hipótese de execução foi levantada por alguns motivos. O primeiro deles é que não há indícios de roubo no local do crime. Além disso, a única forma de chegar ao restaurante é através do rio, o que dificulta o acesso.
A polícia estuda quebrar os sigilos bancário e telefônicos de David e Érica para tentar obter mais pistas sobre a motivação e autoria do duplo homicídio.
Até segunda-feira 27 de novembro, três pessoas foram ouvidas pela polícia. Também foram realizadas diligências na Ilha do Pau do Macaco para saber se os moradores notaram movimentações de barcos no dia do crime.
SEM INDÍCIOS DE ABUSO SEXUAL
Inicialmente, a Polícia Civil informou que os corpos foram achados nas margens do Rio Buranhém. Depois, o delegado que investiga o caso, Paulo Henrique Oliveira, detalhou que Érica foi encontrada nua, na parte externa do restaurante.
Apesar de estar sem roupa, as investigações apontaram que ela não foi vítima de abuso sexual. Já o corpo de David foi encontrado dentro de casa.
Além do casal, também morava no imóvel o filho de Érica, mas ele não estava no local no momento do crime.