A Pernambucanas – uma das mais antigas e tradicionais redes de varejo do país – está retornando ao mercado da Bahia. A previsão é que em agosto a companhia abrirá três lojas em Salvador e também uma unidade em Teixeira de Freitas. Em setembro, Eunápolis e Vitória da Conquista são mais municípios baianos que devem ganhar novas Lojas Pernambucanas. No mês de outubro, o processo de expansão retorna a Salvador com operações no Shopping da Bahia. Ao todo serão sete lojas este ano na Bahia.
A Pernambucas de Eunápolis será instalada na Avenida Porto Seguro, 603, no espaço onde funcionou a loja Stylus Móveis, onde será distribuída uma diversidade de produtos que vão desde vestuário feminino, masculino e infantil, itens de lar como cama, mesa e banho, até eletroportáteis, telefonia e informática. A Pernambucanas ainda conta com itens de lar e vestuário para bebês, linha pet, bijuterias e brinquedos.
Os itens das lojas também são comercializados de forma online.
O plano de expansão da companhia prevê, até dezembro, a inauguração de outras 36 unidades pelo país, principalmentes nas regiões Norte e Nordeste, num investimento da ordem de R$ 170 milhões. Também tem planos de chegar a Pernambuco em 2022.
O presidente da varejista, Sérgio Borriello, diz que investir em momentos de crise é bem mais vantajoso do que em períodos de bonança. Isso porque os custos de aluguel e outras despesas para se estabelecer em novas praças geralmente são menores. “O contrafluxo do investimento é importante para determinar o seu retorno”, explicou ele.
Referência no varejo nacional, constituída em 1908, a Pernambucanas conta com cerca de 14 mil colaboradores e está presente em dez estados brasileiros e no Distrito Federal. No ano passado, inaugurou 38 unidades, alcançando a marca de mais de 400 lojas no Brasil, batendo uma receita de pouco mais de R$ 3,716 bilhões, contra R$ 4,168 bilhões do exercício anterior.
CREDIÁRIO PRÓPRIO
A Pernambucanas aposta na sua inserção em mais estados brasileiros, após fechar 2020 com crescimento de 1.081% no faturamento do e-commerce, recorde na abertura de operações físicas que totalizaram 38 unidades e Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado positivo em R$ 358 milhões.
As vendas no varejo cresceram 14% em plena pandemia. Os dados são do balanço da companhia divulgados no final de março. Na nova fase de avanço do plano de expansão no Norte Nordeste, a expectativa é de somar 10 sedes nas duas regiões.
“Acredito que duas coisas sempre foram determinantes para a marca. Primeiro, a empresa deu crédito muito antes do banco. Outro ponto está no atendimento. Todos os funcionários que contratávamos eram daquele lugar onde estávamos instalados. Então, nós já tínhamos um atendimento muito diferenciado no varejo”, pontua o ceo. Em sete minutos, o cliente vai receber o seu cartão, emitido pela Pefisa, fintech financeira do grupo, que contabilizou ano passado a 1,2 milhão de novos cartões.
Para o economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Gustavo Casseb Pessoti, esse é também um dos grandes legados da marca, que acabam favorecendo o sucesso do seu retorno ao varejo baiano.
“São empresas que colocaram sempre o consumidor no centro. Era o cartão próprio, um gerente muito próximo que solucionava problemas, além de ter uma preocupação em dar acesso ao crédito a esse consumidor de baixa renda”.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Foi no início do século 20, que o sueco radicado no Recife (PE), Herman Theodor Lundgren, adquiriu uma fábrica de tecidos no distrito de Paulista, em Olinda, onde começou a operar a Companhia de Tecidos Paulista. A primeira loja foi inaugurada em 1908 como o nome de Lojas Paulista e só em 1910 que passou a se chamar Casas Pernambucanas. De lá para cá, a marca foi inovando no segmento varejista quando criou o carnê de pagamento, o cartão próprio, implementou o código de barras e incluiu a oferta de serviços financeiros nas lojas.
COMO FOI A PASSAGEM DA MARCA NA BAHIA?
Quando saiu da Bahia, há 24 anos, a Pernambucanas decretou falência e fechou todas as lojas do Nordeste e Rio de Janeiro administradas pela Lundgren Irmãos Tecidos, que tinha autorização de uso do nome Pernambucanas. Por outro lado, a Arthur Lundgren Tecidos – que assumia a fatia do mercado de São Paulo, Sul e Centro-Oeste – permaneceu com suas operações desde essa época.
Em novembro do mesmo ano, a Pernambucanas Nordeste acumulava, na Bahia, dívidas trabalhistas de R$ 500 mil, sem contar com o FGTS. Eram 240 funcionários que aguardavam o pagamento dos acordos. A marca passou ainda por inúmeras disputas judiciais entre seus herdeiros.
O cenário econômico não era dos melhores. Outras grandes redes nacionais também conhecidas pelo grande público como Mesbla, Arapuã e Lojas Brasileiras, por exemplo, decretaram falência em 1997.
“O real equiparado ao dólar e a reabertura econômica deram espaço para as importações e as empresas brasileiras viram seu faturamento despencar. Muitos desses produtos eram do segmento de tecidos, vestuários e calçados”, explica o economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Gustavo Casseb Pessoti.
A taxa básica de juros (Selic) chegou a patamares nunca vistos de 45% a 60%. “Se, de um lado, o país conseguiu acabar com a hiper inflação, de outro, ele trouxe como prejuízo, a falência de muitas empresas que necessitavam de uma restruturação produtiva para baixar preço e concorrer com produtos vindos de fora”, complementa Pessoti. Com informações do Site Correio da Bahia