Políticos, intelectuais e militantes de esquerda da América Latina pedem que o candidato Ciro Gomes (PDT) retire sua candidatura à Presidência da República. Apesar de ressaltar as qualidades do ex-governador do Ceará, o grupo acredita que essa é uma medida necessária para garantir a derrota de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições.
O documento, intitulado “Carta aberta a Ciro Gomes: o que é preciso fazer para frear Bolsonaro”, é assinada por grandes nomes da Argentina, Equador, Colômbia, México, Venezuela, Chile, Bolívia, Porto Rico, Guatemala e Peru. Eles apontam como “incompreensível” a insistência da candidatura presidencial no pleito considerado como “divisor de águas histórico”.
Para o grupo, que tem nomes como o do argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Nobel da Paz, e o ex-presidente do Equador Rafael Correa, a eleição não será entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sim entre “fascismo e democracia”.
“O senhor, homem político, inteligente e com ampla experiência, sabe muito bem que sua candidatura não tem nenhuma chance de chegar ao segundo turno, menos ainda de vencer no primeiro turno”, diz a carta. Para o grupo, a candidatura de Ciro só vai “dispersar as forças do bloco antifascista”, facilitar a reeleição de Bolsonaro e “eventualmente abrir caminho para um novo golpe de Estado”.
“Ao debilitar a candidatura única de Lula, ao dispersar as forças do bloco que se opõem ao fascismo, o que o senhor objetivamente fará – apesar de não duvidarmos que suas intenções são boas – será abrir caminho para a perpetuação de Bolsonaro no poder”, diz a carta.
“Ainda há tempo para corrigir seu erro, companheiro Ciro. Se dirija aos seus eleitores e diga que a urgência da luta contra o fascismo não deixa outra opção, senão apoiar a candidatura presidencial de Lula. Peça esse voto, crucial para derrotar em primeiro turno o capitão e seus esquadrões armados”, pede o grupo, antes de afirmar que Ciro, pela “história e ideias, tem que fazer o impossível para impedir que semelhante figura monstruosa permaneça um dia a mais no Palácio do Planalto”.